Entrevista com o baterista Jimmy Copley

Jimmy Copley

★ 29/12/1953

✝ 13/05/2017

 

Jimmy Copley teve uma participação fundamental na história de Tears For Fears por ter assumido a bateria durante a turnê do álbum The Seeds of Love, em 1990. Foi ele o baterista que esteve com a banda no show do DVD Californian Nights (ou Going to California), um dos shows de TFF mais conhecidos pelos fãs brasileiros. Jimmy também participou da carreira solo de Curt. Infelizmente, Jimmy veio a falecer no dia 13 de maio de 2017, após pouco mais de um ano de luta contra a leucemia. Como uma forma de homenageá-lo, estamos disponibilizando, enfim, a entrevista que ele concedeu à equipe do Tears For Fears – Brasil poucos anos antes de falecer. Nosso eterno agradecimento a esse grande baterista.

 

Entrevista realizada com o baterista Jimmy Copley (The Seeds of Love Tour 90’, Mayfield) entre os dias 21 e 24 de fevereiro de 2012, via Facebook.

 

TFF-BR: Olá, Jimmy! Antes de começarmos a entrevista, gostaria de agradecer em nome de nossa página, Tears for Fears – Brasil, e em nome de todos os fãs brasileiros do Tears que são admiradores de seu trabalho.

O álbum The Seeds of Love caracterizou-se por propiciar profundas transformações na banda: novos músicos, um som mais maduro e conceitual. No entanto, uma questão que se criou após a saída de Manny Elias, em 1986, foi: “Quem assumiria a bateria do Tears for Fears?”. Após utilizar quatro bateristas na produção do álbum, e com o anúncio da turnê, você assumiu as baquetas. Foram 95 apresentações, 14 países, em 5 meses e 24 dias de turnê.

Diga-nos como foi sua entrada na banda, onde ficou por quase seis meses, fazendo com que ficasse marcado na história como um dos músicos mais expressivos a fazerem parte do Tears for Fears.

JIMMY COPLEY: Eu fiz uma audição com vários outros bateristas! Lembro-me de aparecer no Townhouse Studio e conhecer Roland e Oleta... Nós tocamos, eu e Oleta, Badman’s Song apenas com piano e bateria, então Roland saiu da sala de controle e disse “Como eu nunca ouvi falar de você?”, aí eu disse “Isso já não é comigo!”. Em seguida tocamos “Everybody Wants to Rule The World”. Eu fui embora, e dois dias depois ele me ligou pra perguntar se eu poderia voltar. Curt veio de Nova Iorque e eu fiz uma audição pra ele. Eles me levaram ao Groucho (famoso clube em Londres) e me deram o trabalho.

TFF-BR: Isso aconteceu pouco antes do início da turnê, na segunda metade de 1989, ou foi bem antes?

JIMMY COPLEY: Sim! Foi em outubro de 1989. Em seguida ensaiamos no Real World Bath por seis semanas antes de ir para estrada em janeiro de 1990. Tenho ótimas lembranças de nossos shows no Brasil naquele mês. Hollywood Rock proporcionou ótimos momentos!

 

Jimmy Copley no Brasil

 

TFF-BR: Aqui no Brasil, especialmente quando falamos de performances ao vivo da banda, pensamos na turnê do The Seeds of Love, já que shows como em Knebworth House e Santa Barbara Bowl foram lançados em DVD e amplamente divulgados e comercializados. Essa turnê propiciou a vinda pela primeira vez da banda ao Brasil, através do Hollywood Rock, em São Paulo e Rio de Janeiro.

Para você, há uma lembrança significativa dessa turnê especificamente? Algum show ou evento memorável?

JIMMY COPLEY: Sim, eu me lembro do quão participativo e grande foi o público brasileiro. Eles cantaram "Happy Birthday” para o nosso guitarrista, Neil Taylor, todos os 80 mil presentes. Eu conheci Bob Dylan no backstage. Verdadeiros ótimos shows!

TFF-BR: E sobre a turnê num geral, alguma outra memória? Depois daquilo tudo, passando por 14 países...

JIMMY COPLEY: Sim, em LA Forum! Eu tive intoxicação alimentar, assim como Neil. Em Wembley London por três noites toda a minha família esteve presente. Chuva em Knebworth! Um sentimento maravilhoso após o show de Santa Barbara, sabendo que tínhamos filmado um ótimo show. Oleta cantando perfeitamente noite após noite. Ter tocado com a grande Carol Steele também! Foi uma ótima banda em uma ótima turnê!

 

Andy Davis, Jimmy Copley, Curt Smith e Roland Orzabal

 

TFF-BR: Eu imagino que para um músico profissional esta é uma questão muito complicada, mas houve alguma música que você tinha um prazer maior de tocar, uma maior preferência?

JIMMY COPLEY: Sim, eu amava Woman in Chains e, obviamente, Badman’s Song, onde eu podia tocar muita bateria!

 

Para relembrar Jimmy Copley tocando em Badman’s Song:

 

TFF-BR: Bom, nós sabemos que, depois do show de Knebworth House, a banda se separou. Roland nos anos 90 liderou o Tears for Fears, enquanto Curt mergulhava em sua carreira solo. Você, Neil e Carol participaram de “Soul on Board” de Curt, e depois você fez algumas participações para o Mayfield (projeto de Curt e Charlton Pettus), acredito que na música Mother England. Como essas parcerias com Curt se deram?

JIMMY COPLEY: Curt convidou Neil Taylor e eu para Nova Iorque para gravarmos algumas demos, e a partir disso a ideia foi crescendo. Gravamos “Soul on Board” em Los Angeles com Martin Page e Chris Kimsey.

TFF-BR: Apesar de achar um bom álbum, Curt não pensa da mesma forma...

JIMMY COPLEY: Eu acredito que Curt e Roland são melhores juntos!

TFF-BR: Concordo totalmente! Nos anos 90 e 2000, você tocou com grandes artistas/bandas como Iommi (Black Sabbath), Pretenders, Killing Joke... até 2008, quando você lançou seu primeiro disco solo.Você poderia nos dizer mais sobre como seu primeiro álbum foi gravado, “Slap my Hand”? E o que você tem feito nesses últimos anos...

JIMMY COPLEY: Eu também toquei com Paul Rodgers durante 4 anos. Um cantor fantástico! Meu álbum solo surgiu comigo pensando que eu precisava fazer algo realmente meu. Logo depois, Jeff Beck e Pino Palladino disseram que adorariam tocar. Muitos amigos seguiram a ideia, fiquei muito orgulhoso disso. Algumas das músicas são fantásticas. Se você gosta de Jeff Beck, você vai adorar! Nós gravamos ao vivo com ele e com Pino. Desde então, tenho tocado com Manfred Mann’s Earth Band e com minha própria banda, The Bad Apples. Recentemente toquei também com Eric Clapton, Paul Weller e Eric Bibb.

TFF-BR: Verdade! Como eu poderia ter esquecido de seu trabalho com Beck e Rodgers?! Eu já escutei UPP (This Way) e o álbum “Electric” de Paul Rodgers e só percebi depois que você era o baterista! E sobre Palladino, eu também gosto bastante, eu o conheci após saber de suas contribuições para o The Seeds of Love. É bom saber que teremos muitas notícias em breve, estamos aguardando ansiosamente!

Jimmy, para fechar esta entrevista, você poderia nos deixar uma mensagem sobre os fãs brasileiros que admiram seu trabalho?

JIMMY COPLEY: Mantenham o bom trabalho, Tears for Fears – Brasil! Artistas precisam de fã-clubes para manter suas mensagens adiante! Obrigado, Jimmy Copley.

TFF-BR: Jimmy, em nome do Tears for Fears – Brasil, e também em nome de todos que apreciam o seu trabalho, gostaria de agradecer muito pela entrevista, pela paciência e compromisso com a gente, especialmente por confiar em nós. Adorei a entrevista, assim como todos adorarão quando tiveram acesso, sobretudo pelas informações ricas que você nos passou. Um grande obrigado! Até a próxima!

JIMMY COPLEY: Eu quem agradeço. Obrigado e boa sorte!

 

Topic: Jimmy Copley

Sobre Jimmy

Data: 09/08/2022 | De: Fábio Iorio

Excelente Jimmy, me inspirei nele, e vi o que era tocar batera
Obrigado sempre mister, com Deus eterno ídolo Jimmy

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